quinta-feira, 7 de abril de 2011



Era uma vez, em uma aldeia distante, construída em madeira sobre o rio Amazonas, uma linda menina chamada Cinderela. Baixinha, pequena, de pele um pouco escura, longo cabelo negro e sorriso largo. Apesar de viver uma vida um tanto quanto complicada... Não tirava o sorriso do rosto. Não tirava até alguns dias atrás... Ele vinha sumindo aos poucos.
Morar com sua madrasta e as suas duas irmãs de criação se tornava uma tarefa cada vez mais difícil. Acordava cedo todos os dias para limpar o rio próximo a sua casa, cultivar e colher frutos, pescar, arrumar os destroços feitos por animais da região... Enquanto as outras três mulheres da casa dormiam ou praticavam rituais indígenas.
Em um belo dia, quando Cinderela saia para pescar, percebeu que havia recebido um convite.
“Baile de máscaras ou pinturas indígenas! Hoje à noite, no lar do Cacique.”
Não contendo a alegria – ia sair para uma festa pela primeira vez na vida, já que nunca tinha tempo. Mas hoje, também pela primeira vez, havia conseguido terminar todas as tarefas domésticas antes da hora prevista – foi correndo até suas irmãs com o convite na mão.
- Baile de máscaras? Hoje? Preciso de uma roupa! – Gritaram as irmãs juntas, uma mais nervosa que a outra.
- Posso saber o que está acontecendo? – A madrasta surgiu inesperadamente, ranzinza, olhando torto para Cinderela que sorria entusiasmada. Pegou o convite e lançou um olhar maldoso para a pequena menina.
- Você não vai. Não tem roupa e suas unhas estão extremamente sujas do trabalho de hoje! Não vamos conseguir limpá-las a tempo, e eu não quero passar vergonha.
Então saiu do quarto, deixando as três sozinhas. Cinderela saiu em seguida, de cabeça baixa, mexendo nas unhas, ouvindo ao fundo as duas meninas comentarem sobre a roupa e a máscara que desejavam usar. Chegando a cozinha, teve uma surpresa que a deixou pasma!
Todos os macacos, ratos, pássaros, gatos e cachorros das proximidades estavam lá, mexendo em linha e tecido. Costuravam, bordavam, faziam pregas e adicionavam brilhos. A toalha de mesa azul se tornara um vestido de baile incrível. Mas... E a máscara? Antes mesmo de ter tempo para se lamentar quanto a ela, uma pequena andorinha entrou pela janela, trazendo no bico uma máscara prateada, rodeada com pedras nativas, linda!
A menina se vestiu rapidamente, com um sorriso estampado no rosto, agradecendo a todo segundo os seus animais. A hora do baile estava próxima! Então, no último minuto, um problema foi percebido. Como ir até lá? O barco da família levaria as suas irmãs.
Sentou em um pequeno banco de madeira, comido por cupins, com um macaco na mão e pássaros sobrevoando sobre sua cabeça... Não falou nada, tinha medo de abrir a boca e acabar soltando as lágrimas presas. Até que, de repente, uma fada surgiu!
Gordinha, sorridente, morena e de cabeços trançados. Segurou a abóbora que se encontrava sobre a mesa e transformou-a em uma linda carruagem, que seria guiada por todos os animais ali presentes. Desapareceu logo após a mágica, não dando tempo de Cinderela agradecer.
A baixinha entrou rapidamente na carruagem, afinal, estava um tanto quanto atrasada. Chegando ao baile, avistou o cacique. Seus olhares se cruzaram rapidamente. Depois avistou suas irmãs e, nervosa, tropeçou em algumas pedras próximas. Um de seus sapatinhos de palha ficou lá, preso, e ela correu envergonhada para a carruagem, desesperada. Enquanto isso, o cacique recolhia o sapatinho e comunicava que a dona daquela peça era seu amor.
Logo no outro dia, uma carta chega à sua casa, anunciando a chegada do cacique na residência. O cacique procurara em toda a aldeia e, por algum motivo, a casa dela era a última que ele visitaria.
Chegando lá com o sapatinho, as duas irmãs experimentaram, alegando ser delas. Chegou a vez de Cinderela, depois de muito custo, pois a madrasta tentou trancá-la no quarto várias e várias vezes, não conseguindo graças aos ratinhos que roubavam a chave e abriam a porta.
O sapato coube perfeitamente! O cacique, vibrando de alegria, a pediu em casamento ali mesmo, naquela casa um tanto quanto humilde. Era amor à primeira vez! E eles viveram felizes para sempre.


Marina Ribeiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário